Literatura estimula o combate à discriminação racial e a construção da cidadania

Um irmão de cabelos lisos, a mãe de cabelos ondulados, a avó negra: todos diferentes e pertencentes à mesma família. Como é possível? Esta é a indagação que Ângelo faz ao pesquisar as origens de sua nacionalidade e de seus parentes. Em Minha família é colorida (48 páginas, R$ 28), a carioca Georgina Martins explora temas como a relação familiar e a pluralidade cultural, levando o leitor a desvendar a riqueza existente na mistura de etnias, hábitos e tradições. Este é um dos títulos escolhidos por Edições SM para ilustrar e celebrar o Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, comemorado em 21 de março.

Instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1966, a data relembra um episódio histórico marcante na luta contra o preconceito: o Massacre de Shaperville, na África do Sul, em 21 de março de 1960, quando mais de sessenta civis negros que protestavam contra o apartheid foram assassinados pelas forças policiais. O Dia Internacional Contra a Discriminação Racial traz à tona a importância de se discutir e combater o racismo – e, nesta guerra, a literatura é uma importante arma de conscientização.

Em 1955, uma corajosa mulher negra de 42 anos se recusou a ceder o lugar que ocupava no ônibus a um homem branco. Em Rosa Parks: não à discriminação racial (64 páginas, R$ 24), o autor africano Nimrod remonta a história da mulher que, num ato de desobediência civil que lhe custou sua liberdade, transformou o panorama social, dando início a um movimento que, anos mais tarde, colocaria um fim nas leis segregacionistas.

A reunião inédita de duas das maiores obras da literatura romântica, Navio negreiro (1854) de Castro Alves, e o poema homônimo publicado em 1854 pelo escritor alemão Heinrich Heine, mostra as marcas passadas e persistentes da escravidão. Em Navios negreiros (80 páginas, R$29), os dois poemas editados em conjunto expõem duas diferentes visões de um mesmo fato histórico, contrapondo o apelo moral e humanitário do poeta baiano com a sátira de Heinrich Heine nos primórdios do realismo alemão. O livro é organizado por Priscila Figueiredo.

Em Mzungu (192 páginas, R$ 28), Kariuki é filho do cozinheiro de um colonizador branco que controla o povoado em que vive com a família, no Quênia, em plena guerra de independência contra a Inglaterra. Ele se torna amigo de Nigel, a quem chama de “Mzungu”, “menino branco” em swahili. O escritor queniano Meja Mwangi mostra o nascimento de uma amizade que contraria as regras coloniais que separam brancos e negros e a descoberta de que o respeito e a convivência independem da etnia ou origem social.

Pelos caminhos da leitura, crianças e jovens podem compreender e refletir sobre questões como preconceito, escravidão, direitos humanos e multiplicidade cultural.